sábado, 7 de agosto de 2010

Sem som

Eu nunca pensei que fosse fácil me calar. "Psiu...". Só bastou esse pedido discreto. Feriu, mas emudeci. Até então não falo mais. Repito. Por pura vaidade, não falo. Por pura vaidade, grito ainda mais. Silêncio. Psiu...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Discurso Direto

"Você pode me acusar de tudo, menos de traição. Eu poderia procurar vários meios de dizer isso, mas a minha indignação e meu cansaço não permitem. Escrever é a forma de vomitar isso. Essa dor. O que você ganha me difamando desse jeito? É pra me esquecer? Me esqueça de uma forma mais digna, por favor. Agora pensei que até ontem eu não queria que você me esquecesse... que eu estava sentindo sua falta... e que meus xingamentos e minha tentativa de reaproximação eram meios indiretos, e até mesmo falhos, de uma volta. Foi bom isso acontecer. Foi bom eu saber das suas palavras. E, se quiseres saber, hoje eu tive muita vontade de ir para o Rio e fazer das suas inverdades a sua razão concreta. Se arrependimento matasse... Eu deveria ter abraçado, beijado, me entregado até... mas não. Fui digna. Sou digna. Sou leal até quando preciso esquecer. Até quando esquecer é uma condição pra eu ir adiante. Eu sofri. Eu amei. Eu senti saudade. Eu me arrependi uma, duas, mil vezes. Eu quis voltar. Eu quis terminar. Parar. Perdi o meu freio... o desejo agora é carnavalizar. E vou começar dizendo que não adianta você me procurar, nem mesmo pra pedir desculpa. O bar já me desculpou. O cordel já me desculpou. O violeiro já me desculpou. Fiz as pazes com a alegria. Vou ser feliz. De peito aberto e alma... Livre? Acredito que minha liberdade ainda dependa do teu nome. Mas só acredito eu... o mundo não precisa acreditar. Agora digo: "mundo, sou livre!". Gritando à vida, mas deixando-a sempre em rascunho. Erro. Adiar é um erro. Eu quero que você, você mesmo, leia, e saiba que eu sinto. Eu entristeço com essas chantagens emocionais. Qual o porquê de tanta raiva? Prefere acreditar na dignidade dos outros do que na minha? Eu não preciso disso. Eu quero a confiança. Eu quero que saiba quem sou. Eu sou confiável, mas estou perdida. Zonza. Triste. Cheia. Cansada de dizer a quem amo quem sou e de quem sou. Chega! Você parece não me ver. Me cultua, mas não me ver! Não sabe quem sou. Você é egoísta. Seu desejo não é o de me fazer cair em si. Seu desejo é atrair piedade. Se for isso, conseguiu! Eu tenho pena! Te amo, mas tenho pena! E eu não vou dar segunda chance a quem eu sinto que é incompleto. Se me quer, saiba que eu jamais estaria com outro alguém. Da mesma forma que fizeste tudo por mim, eu também fiz muito! Eu me doei ao teu egoísmo. Eu me doei a tua infantilidade. Eu fui paciente. Muitas vezes, eu te conduzi. E, depois de tudo, hoje sou condenada. O mundo não gira ao seu redor. Ele dá voltas e mais voltas... O nosso assunto já acabou. Nossos pilares não tem mais. Sou só eu e você. Você me acusa e eu me canso. Canso de sentir algo, de me doar, de ser infantil junto contigo, de ser paciente e de te conduzir... Chega! Leva contigo esse olhar melancólico, mentiroso e egoísta. Tente ser feliz com ele. Só não esqueça que eu sou honesta e, por eu ser assim, é que escrevi tudo isso. Espero que meu coração não te conceda uma chance. Minha dignidade não iria gostar..."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Espelho

De quantas mortes você precisa para adimitir estar vivo? Quantas? É realmente necessário deixar a ponta da faca firme no peito? Para mim, é preciso... Não sei se é de dor, de amor, de arrependimento essas verdades que ando repetindo por aí. Há um desejo, apenas. E ele deve ser guardado, digerido, adimitido, mas, por enquanto, silenciado. Há forças que devem ser domadas. Há silêncios, muitos silêncios. Mudez. Essa dor, que geme baixinho, tem o melhor de mim guardado nele. Há a coragem de sentir. E isso é tão simples. E isso é tão amor... pena que deve ser guardado, silenciado, mudo. Por enquanto. Eu só devo deixar que exista. E cresça. E amadureça. Eu só tenho que acolher e deixar que isso ganhe forma. Eu preciso me dar tempo. Mas é que ando cansada demais para pensar. Ando cansada da paciência. Eu quero o barulho. O grito. Eu quero o impulso. Eu quero fazer meu sangue circular. Movimento. Eu quero a dor pela dor. O amor pelo amor. A simplicidade pela simplicidade. Eu quero as consequências. Beijos. Pegadas. Dança. Canto. Essas coisas que a gente sente que flui normalmente. Que simplesmente sai... E você sabe que é seu, e que a vida é sua. Responsabilidade? Não. Eu sou a maior irresponsável pela minha vida. A irresponsável por essa imagem deixada para os outros. Eu sou mais do que me mostro. Sou contraditória. Faço loucura. Tenho vergonha de me amar e de amar. Amor é humilhação. E eu tenho orgulho. Não quero submeter-me à minha alma. Mas adimiro-a e a desejo. Eu desejo. Eu quero a mim... É por isso que estou assim. Calada. Sofrida. Sustentada por uma carcaça que não é minha. De tanto me repetir, ficou difícil a liberdade. Eu sinto fogo. Eu sinto barulho quando me calo. Meu silêncio tem um som estridente e que me incomoda muito. Estou só. O que tenho é pouco. O calor humano é pouco. Eu quero me aparecer de verdade. Ser. Ser... Mas tenho que me calar. O meu ser vai ferir. E ferir eu não quero. É por isso que quero a morte. Só ela vai me fazer gritar como eu desejo. Só ela vai me fazer sentir como eu desejo. Antes que o inevitável aconteça, vou protelá-lo. Protelar, apenas. De repente, acontece.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quem sou eu?

Eu ando lendo, lendo muito, mas dificilmente compreendo o que leio. Vou viajando pelos pensamentos sem muita perspectiva de encontrar um sentido e, nessa ação, encontro vários sentidos. Isso tem sido mais válido. Leitura, interpretação textual: minha rotina. Nesse sentido, para tudo aquilo que vou lendo, vou encontrando mais de uma solução, mais de uma compreensão possível e impossível. São só compreensões. Ando me lendo muito, e mais de uma, duas, mil vezes por dia ... e, a cada leitura, um, dois, milhares de sentidos. Tenho sentido. Sorte. Azar. Culpa. Méritos. Mentiras. Pesos. Medidas. Fugas. Traumas. Perdas. Quantos danos! E assim vou caminhando. Me lendo. Acontece que ler sempre a mesma coisa dá um cansaço! Cansaço de se ver sempre ali, estagnada. Decepcionada. Se ver é decepcionante. Há sempre um desejo de mais, de mais, de muito mais. É como se todo sentimento do mundo dentro de si fosse pouco. É um querer mais! Às vezes é um querer mais nada! Às vezes é como se a pele limitasse, sufocasse! A pele... Quanta vontade de arrancá-la, despedeçá-la! Quanta raiva de ser um corpo de alma ancorada. Ir além. Ultrapassar-se. Desejo. Eu desejo... eu sinto vergonha de desejar ser livre. Acontece que numa dessas minhas leituras percebi que preciso desejar mais a mim. Preciso apreder a dizer: "Dane-se!", "Vá se fuder!"... Já me entendi demais como uma menina educada, sábia e paciente. Já me leram demais como promessa, apoio, paz. O tripé estável está com o pé de apoio balançado. É assim que me vejo agora. Instável. Como irão me ler? Como irão entender esse furacão? Não importa... Não importa... Eu quero é sentir esse meu lado negro. Essa força estranha. Esse desejo de morte. essa coisa louca que é sair de si. Esse loucura que é parar de pensar e sentir. Sentir! Eu SINTO. Vou me deixar levar por essa corrente. O momento é meu. E quem me ama irá compreender. Respeite o além de mim, respeite essa voz, esse vômito da minha alma!! Me ler... Me ler... Compreender? Não. Eu não quero mais fazer sentido! Quero o escatológico. Quero o horror. Egoísmo. Frieza. Suicídio. Porque não? Se sou tão mais, se sou tão melhor quando não penso, quando enfrento, quando me entrego! Desmaterializar-se seria uma opção válida. Porque não? Eu quero. Mas é que tenho tantas respostas adiadas... tantos silêncios dados... tantos "sim" escondidos. Eu tenho ainda um pequeno prazer em me acovardar. Coragem. Eu preciso de coragem para me deixar ir. Sem amigo. Sem profissão. Sem família. Sem essas coisas definitivas que a vida impõe. Não preciso nem dessa casca para ser feliz... Eu só preciso ficar só! E deixar que minha dor grite, pluralize! Eu... sinto! Eu amo? Eu temo? Tenho fé? A faca é apontada para mim. O olhar vigilante do outro aponta a faca para mim. Condenam-me? Não precisa! Eu me condeno à morte! À doçura da morte então... meus olhos já cerraram, já me desidratei. Minha alma já foi toda entregue. Sou toda só coração. E, por amar demais a mim,como nunca me amei, deixo-me ser livre e decido ir... Eu morri quando me respeitei. Chutei o balde. Me encolhi. Só eu posso dar a mim o abraço que há muito tempo não recebo. Só eu posso gemer e desatar o nó na garganta que existe. DANEM-SE. O que for verdade, irá permanecer. Quem diz que me ama não importa... eu desejo é quem sente, quem dá segundas, terceiras, quartas chances por amor. Eu quero é quem sinta. Eu choro porque sinto, porque amo os outros, porque amo a vida...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Bruços

Hipoglicêmica. É assim que ela se sente em meio ao caos. É de embriaguez a sua aparência, é só de pó que fica o sonho... Ela pensa em se desmaterializar. Ela pensa e sente pesos, vários pesos. Ela pensa e não sente pessoas, umas que necessariamente deveriam ser presença constante. Ela pensa e pensa muito. E só tem pensamentos negativos. Da ignorância das palavras, intensa fragilidade. Da alegria mostrada, muita dor maquiada. Os olhos não escondem mais aquilo que o coração sente, e mostram, e externam, e vomitam a sensação de não fazer sentido. É a dor pura, com toda a carga emocional que a palavra contém. É a indignação de ter tentado em vão. O corpo se encolhe, e acolhe. Ardor. Confusão. Morte?

sábado, 27 de março de 2010

Poucas Palavras

Vi uma cena na tv (daqueles filmes que passam à tarde) e me reconheci no menino acuado no canto da porta que se protegia, num processo fascinante de entrega ao medo. A ação daquele menino me pareceu tão contraditória: a sua resistência resulta numa entrega massacrante, que destrói o psicológico.
Foi com essa cena que percebi o quanto é preciso de coragem para se ter medo! Não são todos que sentem isso tão intensamente e de forma verdadeira.
Sabe quando a angústia aponta? Sabe quando se tem um nó na garganta?
Esse aparente preto e branco tem o colorido da coragem dentro de si...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Prece!

Eu nem lembrava mais que esse espaço existia! Adoro escrever, mas, ao me deparar com esse blog, lembrei que há muito tempo iniciei e abandonei com tanta facilidade esse trabalho por puro medo de arriscar. É... um tal de medo me dominou: me causava pânico expor alguns sentimentos sinceros que eu não conseguia calar.

No final das contas, foi até positivo esse meu esquecimento. Imagine só o que seria escrever aqui toda aquela novela que minha vida estava se configurando? Gente do céu... seria muito chororô! Um ano foi tempo suficiente para que eu conseguisse controlar mais o meu melodrama e, em vez de debulhar lágrimas pelo teclado, evidenciar o sentimento em si, sem atrair qualquer atenção para a pessoa que escreve!

Era exatamente isso: Eu escrevia aqui para atrair piedade, e olha que ridículo: não obtive sucesso algum! Consegui, sim, cansar de mim mesma e lamentar minha própria sorte! E isso é ridículo! Eu, que tenho em mim todo o sentimento do mundo, fazia questão de lançar para apreciação a dor, a tristeza, a decepção, o fracasso. Há quem diga que os textos de quem sofre são belos, porque são carregados de emoção... Confesso que comigo essa consideração nunca deu muito certo: além de ruins, meus textos eram cansativos.

Se me perguntarem como eu definiria minha temática, ou meu estilo, não conseguirei dizer! Não pretendo ser escritora, nem quero que me limitem como tal... a minha proposta, dessa vez, é a de não propor nada! Posso escrever esse texto hoje e nem lembrar mais que um dia fiz um blog...
Só tenho uma meta: a de tomar gosto e rotina por isso aqui, que pode vir a ser uma ferramenta para falar de sentimentos, não de pessoas, não da minha vida!

Amém!