quarta-feira, 23 de junho de 2010

Discurso Direto

"Você pode me acusar de tudo, menos de traição. Eu poderia procurar vários meios de dizer isso, mas a minha indignação e meu cansaço não permitem. Escrever é a forma de vomitar isso. Essa dor. O que você ganha me difamando desse jeito? É pra me esquecer? Me esqueça de uma forma mais digna, por favor. Agora pensei que até ontem eu não queria que você me esquecesse... que eu estava sentindo sua falta... e que meus xingamentos e minha tentativa de reaproximação eram meios indiretos, e até mesmo falhos, de uma volta. Foi bom isso acontecer. Foi bom eu saber das suas palavras. E, se quiseres saber, hoje eu tive muita vontade de ir para o Rio e fazer das suas inverdades a sua razão concreta. Se arrependimento matasse... Eu deveria ter abraçado, beijado, me entregado até... mas não. Fui digna. Sou digna. Sou leal até quando preciso esquecer. Até quando esquecer é uma condição pra eu ir adiante. Eu sofri. Eu amei. Eu senti saudade. Eu me arrependi uma, duas, mil vezes. Eu quis voltar. Eu quis terminar. Parar. Perdi o meu freio... o desejo agora é carnavalizar. E vou começar dizendo que não adianta você me procurar, nem mesmo pra pedir desculpa. O bar já me desculpou. O cordel já me desculpou. O violeiro já me desculpou. Fiz as pazes com a alegria. Vou ser feliz. De peito aberto e alma... Livre? Acredito que minha liberdade ainda dependa do teu nome. Mas só acredito eu... o mundo não precisa acreditar. Agora digo: "mundo, sou livre!". Gritando à vida, mas deixando-a sempre em rascunho. Erro. Adiar é um erro. Eu quero que você, você mesmo, leia, e saiba que eu sinto. Eu entristeço com essas chantagens emocionais. Qual o porquê de tanta raiva? Prefere acreditar na dignidade dos outros do que na minha? Eu não preciso disso. Eu quero a confiança. Eu quero que saiba quem sou. Eu sou confiável, mas estou perdida. Zonza. Triste. Cheia. Cansada de dizer a quem amo quem sou e de quem sou. Chega! Você parece não me ver. Me cultua, mas não me ver! Não sabe quem sou. Você é egoísta. Seu desejo não é o de me fazer cair em si. Seu desejo é atrair piedade. Se for isso, conseguiu! Eu tenho pena! Te amo, mas tenho pena! E eu não vou dar segunda chance a quem eu sinto que é incompleto. Se me quer, saiba que eu jamais estaria com outro alguém. Da mesma forma que fizeste tudo por mim, eu também fiz muito! Eu me doei ao teu egoísmo. Eu me doei a tua infantilidade. Eu fui paciente. Muitas vezes, eu te conduzi. E, depois de tudo, hoje sou condenada. O mundo não gira ao seu redor. Ele dá voltas e mais voltas... O nosso assunto já acabou. Nossos pilares não tem mais. Sou só eu e você. Você me acusa e eu me canso. Canso de sentir algo, de me doar, de ser infantil junto contigo, de ser paciente e de te conduzir... Chega! Leva contigo esse olhar melancólico, mentiroso e egoísta. Tente ser feliz com ele. Só não esqueça que eu sou honesta e, por eu ser assim, é que escrevi tudo isso. Espero que meu coração não te conceda uma chance. Minha dignidade não iria gostar..."

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