quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quem sou eu?

Eu ando lendo, lendo muito, mas dificilmente compreendo o que leio. Vou viajando pelos pensamentos sem muita perspectiva de encontrar um sentido e, nessa ação, encontro vários sentidos. Isso tem sido mais válido. Leitura, interpretação textual: minha rotina. Nesse sentido, para tudo aquilo que vou lendo, vou encontrando mais de uma solução, mais de uma compreensão possível e impossível. São só compreensões. Ando me lendo muito, e mais de uma, duas, mil vezes por dia ... e, a cada leitura, um, dois, milhares de sentidos. Tenho sentido. Sorte. Azar. Culpa. Méritos. Mentiras. Pesos. Medidas. Fugas. Traumas. Perdas. Quantos danos! E assim vou caminhando. Me lendo. Acontece que ler sempre a mesma coisa dá um cansaço! Cansaço de se ver sempre ali, estagnada. Decepcionada. Se ver é decepcionante. Há sempre um desejo de mais, de mais, de muito mais. É como se todo sentimento do mundo dentro de si fosse pouco. É um querer mais! Às vezes é um querer mais nada! Às vezes é como se a pele limitasse, sufocasse! A pele... Quanta vontade de arrancá-la, despedeçá-la! Quanta raiva de ser um corpo de alma ancorada. Ir além. Ultrapassar-se. Desejo. Eu desejo... eu sinto vergonha de desejar ser livre. Acontece que numa dessas minhas leituras percebi que preciso desejar mais a mim. Preciso apreder a dizer: "Dane-se!", "Vá se fuder!"... Já me entendi demais como uma menina educada, sábia e paciente. Já me leram demais como promessa, apoio, paz. O tripé estável está com o pé de apoio balançado. É assim que me vejo agora. Instável. Como irão me ler? Como irão entender esse furacão? Não importa... Não importa... Eu quero é sentir esse meu lado negro. Essa força estranha. Esse desejo de morte. essa coisa louca que é sair de si. Esse loucura que é parar de pensar e sentir. Sentir! Eu SINTO. Vou me deixar levar por essa corrente. O momento é meu. E quem me ama irá compreender. Respeite o além de mim, respeite essa voz, esse vômito da minha alma!! Me ler... Me ler... Compreender? Não. Eu não quero mais fazer sentido! Quero o escatológico. Quero o horror. Egoísmo. Frieza. Suicídio. Porque não? Se sou tão mais, se sou tão melhor quando não penso, quando enfrento, quando me entrego! Desmaterializar-se seria uma opção válida. Porque não? Eu quero. Mas é que tenho tantas respostas adiadas... tantos silêncios dados... tantos "sim" escondidos. Eu tenho ainda um pequeno prazer em me acovardar. Coragem. Eu preciso de coragem para me deixar ir. Sem amigo. Sem profissão. Sem família. Sem essas coisas definitivas que a vida impõe. Não preciso nem dessa casca para ser feliz... Eu só preciso ficar só! E deixar que minha dor grite, pluralize! Eu... sinto! Eu amo? Eu temo? Tenho fé? A faca é apontada para mim. O olhar vigilante do outro aponta a faca para mim. Condenam-me? Não precisa! Eu me condeno à morte! À doçura da morte então... meus olhos já cerraram, já me desidratei. Minha alma já foi toda entregue. Sou toda só coração. E, por amar demais a mim,como nunca me amei, deixo-me ser livre e decido ir... Eu morri quando me respeitei. Chutei o balde. Me encolhi. Só eu posso dar a mim o abraço que há muito tempo não recebo. Só eu posso gemer e desatar o nó na garganta que existe. DANEM-SE. O que for verdade, irá permanecer. Quem diz que me ama não importa... eu desejo é quem sente, quem dá segundas, terceiras, quartas chances por amor. Eu quero é quem sinta. Eu choro porque sinto, porque amo os outros, porque amo a vida...

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